Efemérides Astronômicas

O CÉU DO INVERNO 2020

JULHO, AGOSTO E SETEMBRO

JULHO

DIA HORA(TL)* FENÔMENO
01 00h Mercúrio em conjunção inferior
02 15 Antares em conjunção com a Lua a 6.5° S
04 08 Terra no afélio
05 01h44min Lua Cheia (eclipse penumbral, visível no Brasil)
19 Júpiter em conjunção com a Lua a 2° N
06 06 Saturno em conjunção com a Lua a 2.5° N
10 08 Netuno em conjunção com a Lua a 4° N
11 18 Marte em conjunção com a Lua a 2° N
20 Vênus em conjunção com Aldebaran a 1° N
12 02 Mercúrio estacionário
16 Lua no apogeu (404199 km da Terra)
20h29min Lua Quarto Minguante
14 04 Júpiter em oposição ao Sol
11 Urano em conjunção com a Lua a 3.5° N
16 21 Aldebaran em conjunção com a Lua a 4° S
17 03 Vênus em conjunção com a Lua a 3° S
19 01 Mercúrio em conjunção com a Lua a 4° S
20 05 Pollux em conjunção com a Lua a 4.5° N
14h33min Lua Nova (início da lunação 1207)
19 Saturno em oposição ao Sol
22 13 Mercúrio na máxima elongação (20° W)
20 Regulus em conjunção com a Lua a 4° S
25 02 Lua no perigeu (368361km da Terra)
27 09h33min Lua Quarto Crescente
26 15 Spica em conjunção com a Lua a 7° S
29 madrugada Máximo das chuvas de meteoros Alfa
Capricórnidas e Delta Aquáridas Sul
29 22 Antares em conjunção com a Lua a 6° S

AGOSTO

DIA HORA(TL) FENÔMENO
01 20h Júpiter em conjunção com a Lua a 1.5° N
02 11 Saturno em conjunção com a Lua a 2.5° N
03 12h59min Lua Cheia
06 15 Netuno em conjunção com a Lua a 4° N
08 madrugada Máximo da chuva de meteoros Pisces Austrálidas
09 05 Marte em conjunção com a Lua a 0.7° N
(ocultação visível no Brasil)
10 Lua no apogeu (404659 km)
10 20 Urano em conjunção com a Lua a 3.5° N
11 13h45min Lua Quarto Minguante
12 23 Vênus na máxima elongação (46° W)
13 06 Aldebaran em conjunção com a Lua a 4° S
15 10 Vênus em conjunção com a Lua a 4° S
13 Urano estacionário
16 15 Pollux em conjunção com a Lua a 4.5° N
17 12 Mercúrio em conjunção superior
18 23h42min Lua Nova (início da lunação 1208)
19 02 Mercúrio em conjunção com a Lua a 3° S
05 Regulus em conjunção com a Lua a 4° S
20 00 Mercúrio em conjunção com Regulus a 1.3° N
21 08 Lua no perigeu (363513 km da Terra)
22 22 Spica em conjunção com a Lua a 7° S
25 14h58min Lua Quarto Crescente
26 03 Antares em conjunção com a Lua a 6° S
28 22 Júpiter em conjunção com a Lua a 1.5° N
29 17 Saturno em conjunção com a Lua a 2° N

SETEMBRO

DIA HORA(TL) FENÔMENO
02 02h22min Lua Cheia
21h Netuno em conjunção com a Lua a 4° N
06 01 Marte em conjunção com a Lua a 0.02° N
(ocultação rasante visível em Alegrete, RS)
02 Lua no apogeu (405607 km da Terra)
07 03 Urano em conjunção com a Lua a 3° N
09 14 Aldebaran em conjunção com a Lua a 4° S
Marte estacionário
10 06h26min Lua Quarto Minguante
11 17 Netuno em oposição ao Sol
12 20 Júpiter estacionário
13 00 Pollux em conjunção com a Lua 4° N
14 03 Vênus em conjunção com a Lua a 4.5° S
15 15 Regulus em conjunção com a Lua a 4° S
17 08h00min Lua Nova (início da lunação 1209)
18 11 Lua no perigeu (359082 km da Terra)
23 Mercúrio em conjunção com a Lua a 6° S
19 06 Spica em conjunção com a Lua a 6.5° S
22 09 Antares em conjunção com a Lua a 6° S
22 09 Mercúrio em conjunção com Spica a 0.3° N
10h31min Equinócio de Setembro (início da primavera para o hemisfério sul)
23 22h55min Lua Quarto Crescente
25 04 Júpiter em conjunção com a Lua a 1.5° N
18 Saturno em conjunção com a Lua a 2.5° N
28 23 Saturno estacionário
30 02 Netuno em conjunção com a Lua a 4° N

*Tempo Legal do fuso -3h

Eventos em negrito são de destaque durante o período.
Para mais informações sobre os fenômenos listados aqui, recomendamos a consulta do Anuário Astronômico Catarinense 2020, de autoria de Alexandre Amorim. Pedidos para: costeira1@yahoo.com.

DESTAQUES DEEP-SKY

JULHO

EXPLORANDO O CENTRO GALÁCTICO

Nas primeiras horas das noites geladas de julho, o bojo central da nossa galáxia, a Via Lactea, situa-se próximo ao zênite, para observadores na latitude 30 graus sul.

Numa noite sem Lua, deite-se em uma cadeira reclinável de praia, e inspecione com atenção os riquíssimos campos estelares nas vizinhanças da cauda de Scorpius (Escorpião) e Sagittarius (Sagitário). Veja como a banda leitosa da Via Lactea se alarga, bifurcada por uma grande fenda escura, na realidade um complexo denso de nuvens moleculares gigantes, frias e opacas, que se interpõem entre nós e o coração da Galáxia.

Um passeio atento e vagaroso por toda esta área, feito com a ajuda de um binóculo, revela uma multidão de aglomerados estelares, tanto abertos quanto globulares. Os aglomerados abertos nasceram, todos, daquelas nuvens moleculares. Você também perceberá diversos focos nebulosos, principalmente em Sagittarius. São regiões de hidrogênio ionizado, formadoras de novas gerações de estrelas.

Se olhássemos nossa galáxia de perfil desde 30 milhões de anos-luz de distância, veríamos algo muito semelhante à galáxia da Figura 1, conhecida como NGC 891, situada na constelação de Andromeda (Andrômeda). Esta galáxia é praticamente uma gêmea da Via Lactea, com tipo morfológico Sb, e um disco com 120 mil anos-luz de diâmetro, apenas 20% maior que o nosso disco galáctico.

Como o Sol dista apenas 26 mil anos-luz do centro da Galáxia, o que vemos no céu é o que também está retratado na Figura 2.

Fig. 1 – A galáxia espiral NGC 891, vista de perfil, é quase idêntica à Via Lactea.
Fig. 2 – Campos estelares na região das constelações de Scorpius e Sagittarius, olhando-se na direção do centro da nossa galáxia.

AGOSTO

PATOS SELVAGENS

No início das noites de agosto, mirando a nordeste, enxergamos Altair, estrela mais brilhante da constelação de Aquila (Águia), o sinaleiro da primavera.

Acima de Aquila, uma pequena região situada sobre uma rica porção da Via Láctea assinala a posição da constelação de Scutum (Escudo), inventada no século XVII pelo astrônomo polonês Johannes Hevelius (1611 – 1687).

Uma inspeção binocular revelará de imediato o aglomerado estelar NGC 6705 (M-11), avistado pela primeira vez pelo astrônomo alemão Gottfried Kirch (1639 – 1710) em 1681. Com magnitude total 5.8 e 23′ de diâmetro aparente, ele se destaca pela elevada densidade de estrelas, e pela forma grotescamente triangular, o que lhe valeu o apelido de “aglomerado dos patos selvagens”, por lembrar um bando daquelas aves em voo.

A idade estimada deste aglomerado é de 316 ± 50 milhões de anos e a sua distância, 6120 anos-luz. Embora classificado como aglomerado aberto, M 11 é um dos poucos aglomerados estelares que parecem compor uma pequena população difusa de cúmulos intermediários, nem abertos nem globulares. NGC 6705 reúne 11 mil massas solares dentro de um volume de espaço de 95 anos-luz de raio.

A sua visualização através de pequenos telescópios de campo largo, munidos com oculares de pouco aumento, revela-se espetacular.

Fig. 3 – NGC 6705, um dos aglomerados mais bonitos do céu de fim de inverno e início da primavera, situado nas coordenadas ascenção reta 18h51min05s e declinação -06o 16’12” (2000.0).

SETEMBRO

O QUADRADO DE PEGASUS

As estrelas de segunda magnitude Alpha (Markab), Beta (Sheat), e Gamma Pegasi (Algenib), desenham, junto com Alpha Andromedae (Alpheratz), a figura de um grande quadrado, na área da constelação de Pegasus (Pégaso), o Cavalo Alado. Este asterismo levanta-se no céu a nordeste durante as primeiras horas das noites de setembro, espantando com seu trotear às aves celestiais de inverno (Cygnus, o Cisne, e Aquila, a Águia).

Alpha Pegasi é uma estrela subgigante branca, distanciada 133 anos-luz. Seu antigo nome árabe faz alusão à sela do cavalo. Beta Pegasi é vermelha, e varia semiregularmente de brilho, entre as magnitudes 2.31 e 2.74 num período de 43.3 dias Seu nome próprio, também de etimologia arábica, deriva de Al Sā‘id, e significa “o braço superior”. A sua distância é avaliada em 196 anos-luz.

Gamma Pegasi é subgigante branco-azulada, a 390 anos-luz. Exibe pequenas e rápidas flutuações de brilho (magnitude 2.78 a 2.89) num período de apenas 3.642 horas.

O último vértice do quadrado é ocupado por Alpha Andromedae (ex-Delta Pegasi) cujo velho nome próprio árabe significa “o umbigo da égua”. Ela é a mais próxima das estrelas deste asterismo, distando apenas 97 anos-luz. Possui cor branco-azulada, também é subgigante, e brilha 200 vezes mais que o Sol. Além disso, é uma binária espectroscópica, onde a estrela principal mostra anomalias de composição química, ademais de microvariabilidade de brilho.

Você pode usar o Quadrado de Pégaso para estimar a magnitude limite do seu céu. Existem surpreendentemente poucas estrelas dentro desta área. A mais brilhante é Upsilon Pegasi, com magnitude 4.52. Outras estrelas aí são Tau Pegasi (magnitude 4.60), Psi Pegasi (4.76), e Phi Pegasi (5.07). Se a magnitude limite for ao redor de 4.5, o par aparente formado por Upsilon e Tau Pegasi deve estar visível. Com limite de magnitude 5.0, Phi Pegasi deve ser perceptível no limite de sensibilidade do olho, enquanto que num céu de magnitude limite 6, a estrela 85 Pegasi (magnitude 5.8) deve ser visível, juntamente com mais 12, todas dentro da área do quadrado. Entre estas, enumeram-se 71 Pegasi (5.3), 56 Pegasi (4.7), e 75 Pegasi (5.5).

Fig. 4 – O Quadrado de Pégaso, com as estrelas mencionadas no texto assinaladas. O desenho retrata a constelação como é vista desde o hemisfério norte. Ao sul do equador, o cavalo aparece normal, isto é, sem ser de “cabeça para baixo”, assim deve-se virar o mapa.

You must be logged in to post a comment.