Efemérides Astronômicas

O CÉU DO VERÃO 2022

JANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO

JANEIRO

DIA     HORA (TL)*              FENÔMENO

01       20h00min                Lua no perigeu (358037 km da Terra)

02       15h33min                Lua Nova (início da lunação 1225)

03       18h                            Máximo da chuva de meteoros Quadrântidas

            22h                            Mercúrio em conjunção com a Lua a 3.1o N

04       04h                            Terra no periélio (0.98333 UA do Sol)

            14h                            Saturno em conjunção com a Lua a 4.2o N

05       21h                            Júpiter em conjunção com a Lua a 4.5o N

07       08h                            Mercúrio na máxima elongação Leste (19.2o)

08       22h                            Vênus em conjunção inferior

09       15h11min                Lua Quarto Crescente

13       01h                            Mercúrio em conjunção com Saturno a 3.4o N

            01h19min                Lua no Nodo Ascendente

14       06h27min                Lua no apogeu (405806 km da Terra)

15       20h                            Mercúrio no periélio

17       13h                            Pollux em conjunção com a Lua a 2.6o N

            20h49min                Lua Cheia (“Lua depois do Natal”, ou “Lua Velha”)

23       03h                            Vênus no periélio

            07h                            Mercúrio em conjunção inferior

25       10h41min                Lua Quarto Minguante

27       03h14min                Lua no Nodo Descendente

            20h                            Antares em conjunção com a Lua a 3.7o S

29       12h                            Marte em conjunção com a Lua a 2.4o N

30       04h09min                Lua no perigeu (362250 km da Terra)

FEVEREIRO

DIA     HORA(TL)                FENÔMENO

01       02h46min                Lua Nova (início da lunação 1226)

02       18h                            Júpiter em conjunção com a Lua a 4.3o N

04       16h                            Saturno em conjunção com o Sol

08       10h50min                Lua Quarto Crescente

09       03h12min                Lua no Nodo Ascendente

10       23h39min                Lua no apogeu (404897 km da Terra)

13       20h                            Pollux em conjunção com a Lua a 2.6o N

16       13h57min                Lua Cheia (“Lua do Lobo, da Neve, ou da Fome”)

            18h                            Mercúrio na Máxima Elongação Oeste (26.3o)

23       03h54min                Lua no Nodo Descendente

            19h32min                Lua Quarto Minguante

24       02h                            Antares em conjunção com a Lua a 3.5o S

26       19h18min                Lua no perigeu (367787 km da Terra)

27       06h                            Marte em conjunção com a Lua a 3.5o N

28       17h                            Mercúrio em conjunção com a Lua a 3.7o N

            20h                            Mercúrio no afélio

            21h                            Saturno em conjunção com a Lua a 4.3o N

MARÇO

DIA     HORA(TL)                FENÔMENO

02       13h                            Mercúrio em conjunção com Saturno a 0.7o S

            14h35min                Lua Nova (início da lunação 1227)

05       10h                            Júpiter em conjunção com o Sol

08       05h22min                Lua no Nodo Ascendente

10       07h45min                Lua Quarto Crescente

            20h05min                Lua no apogeu (404268 km da Terra)

13       04h                            Pollux em conjunção com a Lua a 2.4o N

            08h                            Netuno em conjunção com o Sol

16       01h                            Vênus em conjunção com Marte a 3.9o N

18       04h17min                Lua Cheia (“Lua da Quaresma, ou do Corvo”)

20       07h                            Vênus na Máxima Elongação Oeste (46.6o)

            12h33min                Equinócio de Outono

22       05h12min                Lua no Nodo Descendente

23       08h                            Antares em conjunção com a Lua a 3.2o S

            20h28min                Lua no perigeu (369764 km da Terra)

25       02h37min                Lua Quarto Minguante

28       00h                            Marte em conjunção com a Lua a 4.1o N

            09h                            Saturno em conjunção com a Lua a 4.4o N

            11h                            Vênus em conjunção com a Lua 6.5o N

            22h                            Vênus em conjunção com Saturno a 2.1o N

30       12h                            Júpiter em conjunção com a Lua a 3.9o N

            * Tempo Legal do fuso -3h

Eventos em negrito são de destaque durante o período.

Para mais informações sobre os fenômenos listados aqui, recomendamos a consulta do Anuário Astronômico Catarinense 2022, de autoria de Alexandre Amorim. Pedidos para: costeira1@yahoo.com. Assista também à Oficina de Astronomia® 471, que estará disponível no canal da Rede Omega Centauri no Youtube.

DESTAQUES DEEP-SKY

A ESTAÇÃO DAS TARÂNTULAS

            O solstício do verão austral coincide com o auge do período de acasalamento das aranhas caranguejeiras (pertencentes à família Theraphosidae), ou tarântulas, como são conhecidas no hemisfério norte. Existem cerca de 900 espécies catalogadas em todo o mundo, e cerca de 300 ocorrem no Brasil. É no verão que apresentam maior mobilidade. Aqui em minha residência, situada em ambiente rural, contabilizo cerca de uma por dia nesta época do ano. Às vezes duas. Uma vez contei três, dentro de um intervalo de apenas 24 horas!

            Pretas, grandes e peludas, as tarântulas podem atingir mais de 25 cm de envergadura, mas não possuem comportamento agressivo. Costumam ser pacíficas, a menos que sejam molestadas. Se você avistar uma, deixe-a seguir seu caminho em paz. Elas contribuem para o controle da população local de insetos.         A sua picada pode ser muito dolorosa, mas seu veneno não é ativo para o homem, embora seus pelos possam produzir alergia, se entrarem em contato com a mucosa nasal.

            Certa feita, num intervalo de trabalho no antigo Observatório do Morro Santana, em Porto Alegre, pertencente ao Departamento de Astronomia do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, saí para fora da cúpula numa noite quente para respirar um pouco de ar puro. Quando dei por conta, em meio ao escuro, uma delas estava parada bem ao lado dos meus pés. Creio que me observava. Acho que estava curiosa.

            Há quem as crie como animais “domésticos”. Prefiro admirá-las na natureza, desfilando livres e tranquilas.

Tarântulas na Terra e … no Céu! Um exemplar de Grammostola sp. perambula em meio ao gramado, inaugurando a temporada 2021 de reprodução em Tranquility Base, no Morro dos Cabritos, região rural de Novo Hamburgo. À esquerda: a intrincada teia gasosa de 30 Doradus, aprisiona um enxame de estrelas recém nascidas. Aqui reside a maior de todas as tarântulas. Créditos das imagens: © 2021 by L. A. L. da Silva (aracnídeo); HST/STScI/NASA/ESA (nebulosa).

JANEIRO

NGC 2070 – A NEBULOSA DA TARÂNTULA

            Inicialmente confundido com uma estrela (30 Doradus), a verdadeira natureza deste objeto magnífico foi estabelecida em 1751 pelo astrônomo francês Nicolas Louis de Lacaille (1713 – 1762). A sua distância é estimada em 160 mil anos-luz. O diâmetro real supera a casa dos 900 anos-luz, correspondendo a dimensões angulares de 40′ x 25′. Alguns dos filamentos gasosos alcançam 1800 anos-luz de comprimento.

            As dimensões superlativas desta região de hidrogênio ionizado (H II) de oitava magnitude a tornam uma visão espetacular em telescópios das mais variadas aberturas. Seus tentáculos retorcidos e brilhantes, entremeados por nebulosas escuras de absorção, lembram as pernas de uma aranha, daí seu apelido.

A região de NGC 2070, na Grande Nuvem de Magalhães, a maior galáxia satélite da Via Lactea, revela uma profusão de nuvens de gás e poeira, em meio a uma multidão de aglomerados de estrelas jovens e remanescentes de supernovas. Crédito da Imagem: E.S.O.

            Se esta nebulosa estivesse situada na mesma distância da Grande Nebulosa de Órion (M 42), seu brilho aparente seria o triplo do planeta Vênus, tão intenso que projetaria sombras! De fato, a nebulosa da Tarântula constitui a maior e mais ativa região de formação explosiva de estrelas em todo o Grupo Local de galáxias.

Carta celeste indicando a posição da nebulosa da Tarântula, na perifeira da Nubecula Major (Grande Nuvem de Magalhães). Imagem adaptada de Sinnott, R. W., 2006, Pocket Sky Atlas, Sky Publishing Corp., Cambridge.

            No coração ionizado da Tarântula, reside o aglomerado estelar compacto R 136, cuja massa total é estimada em nada menos que 450 mil massas solares! A própria supernova 1987A explodiu num ponto situado próximo à periferia de NGC 2070. Diversos remanescentes de supernovas revelam-se associados a esta conturbada região extragaláctica, onde o drama do nascimento, vida e morte das estrelas se desenrola ainda hoje perante nossos olhos.

FEVEREIRO

AGLOMERADO GLOBULAR EM LEPUS

            M 79 (ou NGC 1904) é um aglomerado estelar do tipo globular localizado na parte sul da constelação de Lepus (Lebre), aproximadamente meio grau a nordeste da estrela binária de quinta magnitude 41 Leporis. Possui magnitude 8.6 e apenas 8.7’de diâmetro aparente. A distância está determinada em 42 mil anos-luz. Ele foi assinalado pela primeira vez em 1780 pelo astrônomo francês Pierre François André Méchain (1744 – 1804). Sua idade é estimada em 11.7 Ga.

Mapa celeste assinalando a posição do aglomerado globular M79 (NGC 1904), entre as estrelas da constelação de Lepus (Lebre). Crédito da imagem: Sinnott, R. W., 2006, op. cit.

            É possível que este aglomerado não seja originalmente um habitante nativo do halo galáctico, e sim membro integrante da galáxia anã Canis Major, que atualmente experimenta uma passagem muito próxima à Via Lactea, sofrendo intensas forças deformantes de maré.

O aglomerado globular M 79, perdido entre gemas estelares do verão. Créditos das imagens: campo estelar © by Universe Today, foto ampliada NOAO/AURA/NSF.

            Visto através de um pequeno telescópio, este objeto revela-se difuso, circular, e pouco luminoso.

MARÇO

IC 2602 – PLÊIADES AUSTRAIS

            Aglomerado estelar do tipo aberto, situado ao redor da estrela de terceira magnitude Theta Carinae. Dista 550 anos-luz. A magnitude integral de 1.9 garante sua visibilidade a olho-nu. Porém, é recomendável o emprego de um binóculo, ou de um telescópio de curta distância focal, equipado com uma ocular de baixo aumento e grande campo angular, para poder apreciá-lo em toda a sua beleza, porque mede cerca de um grau de diâmetro.

Posição do cúmulo estelar aberto IC 2602, também conhecido como as Plêiades Austrais, entre as estrelas da constelação de Carina (Quilha). Imagem: freestarcharts.com

            O astrônomo francês Nicolas Louis de Lacaille (1713 – 1762) foi o primeiro a descrevê-lo, no período entre 1750 e 1754, quando esteve observando o céu austral no Cabo da Boa Esperança, na atual África do Sul.

O magnifíco campo estelar onde se situam as Plêiades Austrais, imageado por Marcelo Alves (© 2020 by astrobin.com – visão panorâmica) e Casey Good ((© 2020 by astrobin.com – detalhe).

            Em seu Atlas Celeste (1990, sétima edição, Editora Vozes, Rio de Janeiro), o astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935 – 2014) descreve este objeto como verdadeiramente espetacular: num fundo escuro destaca-se uma ilhota leitosa composta por estrelas que, por serem muito brilhantes, são chamadas de diamantes celestes; destacam-se aí estrelas de diversas colorações, num belo contraste colorido.

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