Fenômeno vai ser anular, variedade relativamente rara.
– O dia 14 de Outubro próximo reserva um tipo raro e espetacular de fenômeno astronômico: um eclipse solar anular. Esta espécie de eclipse só acontece quando a Lua nova, além de cruzar o plano da órbita terrestre, também se encontra mais distante do nosso planeta, ou seja, próxima ao apogeu da sua trajetória. Em consequência disso, a dimensão aparente do nosso satélite no céu fica um pouco menor, revelando-se insuficiente para encobrir totalmente o disco solar. Resta, então, um anel brilhante ao redor da silhueta negra da Lua, popularmente conhecido como “anel de fogo”.
– O eclipse deste mês será visível como anular ao longo de uma faixa estreita com cerca de 200 km de largura que vai do oeste dos Estados Unidos até a costa nordeste brasileira, passando pela América Central, pela Colômbia, e pela região amazônica. Capitais brasileiras como João Pessoa e Natal poderão ver o “anel de fogo”.
– Na capital paraibana, o eclipse começará às 15:31:03 (horário de Brasília), com o Astro-Rei 25 graus acima da linha do horizonte. A fase anular principia às 16:45:12, atinge o máximo às 16:46:43, e encerra às 16:48:15, durando 3 minutos e 3 segundos. O fim da fase parcial do eclipse, contudo, não poderá ser visto por lá, pois o ocaso solar acontece às 17:13, e o eclipse só termina às 17:52:18. Mesmo assim, a fase mais emocionante do fenômeno vai poder ser acompanhada. A magnitude máxima, ou seja, o percentual máximo do diâmetro solar encoberto pela Lua será de 94.9%.
– Contudo, na capital gaúcha, o eclipse não será percebido como anular, e sim como parcial do tipo convencional. Por aqui, na fase máxima, às 16:47:43, com o Sol a 22 graus de elevação na direção oeste, a magnitude será de apenas 28.9%, fazendo com que 17.5% da área do disco solar resulte obscurecida pelo nosso satélite. O eclipse vai iniciar às 15:51:31, com o Sol a 34o de altura, e terminar às 17:39:18, com o Sol a 11 graus de altura sobre o horizonte. O ocaso solar está marcado para às 18:34.
– O último eclipse solar visível em Porto Alegre também foi parcial, e aconteceu em 14 de Dezembro de 2020, com obscurecimento máximo de 54.4%. No entanto, ele não pôde ser bem observado, devido à presença de uma frente fria, que atrapalhou bastante a sua visualização. O próximo, igualmente parcial, vai ser em 2 de Outubro do ano que vem, com 27% de obscurecimento. Em se tratando de eclipses anulares, o último visto como tal na capital gaúcha até o momento aconteceu em 3 de Janeiro de 1927, e o próximo vai ser só em 12 de Setembro de 2034. O último eclipse solar total visível desde a posição da cidade de Porto Alegre foi em 19 de Setembro de 1419. O próximo está marcado para 8 de Janeiro de 2103. Vamos torcer para não chover…
Precauções
– É importantíssimo alertar para o perigo de se olhar diretamente para o Sol sem proteção ocular adequada. Binóculos e telescópios não devem ser usados sem filtros especiais seguros e supervisão competente (preferencialmente de um astrônomo profissional, ou amador experiente). Também não se recomenda o emprego de radiografias ou óculos escuros para olhar para o Sol. O risco de lesões oftálmicas sérias é grande, não por causa do eclipse em si, mas por causa do brilho excessivo do Sol.
– Entre as técnicas seguras recomenda-se projetar a imagem do Sol numa parede próxima, usando para isto um pequeno espelho recoberto de papelão onde se faz um orifício do tamanho de uma moeda de dez centavos, ou então um vidro de máscara de soldador número 14, muito fácil de achar nas ferragens, a baixo custo.
Porto Alegre, 06 de Outubro de 2023.
ANEXOS:
– Imagem 0223a.jpg: Simulação do aspecto da fase máxima do eclipse, conforme será visto na cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba. Adaptado de Timeanddate.com.
– Imagem 0223b.jpg: Mapa geográfico mostrando a região de visibilidade do eclipse solar de 14 de outubro próximo, com a faixa central onde acontece o “anel de fogo” demarcada em vermelho. Adaptado de F. Espenak/GSFC/NASA.
– Imagem 0223c.jpg: Simulação do aspecto da fase máxima do eclipse, como será visto em Porto Alegre e região metropolitana, obtida com o software Stellarium.
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Este material midiático de conteúdo educacional foi gerado e distribuído através do Núcleo de Astromídia da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica (www.redeomegacentauri.org).
Texto, Simulação e Análises Topocêntricas: Prof. Luiz Augusto L. da Silva, astrônomo (www.luizaugustoldasilva.com)
Distribuição: Prof. Carlos Eduardo Meine Morais.
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Maiores informações, se forem consideradas necessárias, poderão ser obtidas em contato com o professor Luiz Augusto, através do telefone 51 9 8950 4000, ou pelo e-mail luizastronomo@gmail.com.
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