Luiz Augusto L. da Silva*
Reportado pela primeira vez no ano de 1885 na revista Monthly Weather Review (13, 103) sob o título Electrical Phenomena, o fenômeno conhecido como Crown Flash (que se poderia traduzir por “flash da coroa”) costuma ocorrer acima de células de tempestade ativas (nuvens do tipo Cumulonimbus – Cb). Graves e Gall (1971, Nature, 229, 184) e também Graves, Gall e Vonnegut (1971, Ibidem, 231, 258) também chamaram a atenção para a existência deste fenômeno. Ele aparece como uma mancha brilhante no céu, com aspecto diferente de um parélio típico, acima do topo da nuvem, uma região conhecida como “coroa”. Além disso, muda de lugar, e realinha-se – tudo numa questão de segundos! – emitindo feixes e arcos de luz brancos ou irizados. Um vídeo moderno deste fenômeno, com duração total de 47 segundos, pode ser conferido no site meteorológico inglês www.yourweather.co.uk.
Embora seja de ocorrência muito rara, e ainda esteja longe de ter suas causas bem estabelecidas, a explicação atualmente mais aceita é a de que cristais de gelo com forma de placas ou, ainda, de agulhas, experimentam um processo de realinhamento, quando existem mudanças súbitas no campo elétrico de uma Cb, passando a refletir e a refratar a luz solar de maneira preferencial, na região situada acima da coroa de cirros de uma nuvem do tipo Cumulonimbus [Vonnegut, 1965, Weather, 20, (10), 310]. Ludlam [1950, Weather, 4, (11), 394] e também Lacy [1950, Ibidem, 4, (11), 395] também discutiram as causas prováveis deste fenômeno. As modificações do campo elétrico são disparadas pelas descargas associadas à atividade de relâmpagos no interior da estrutura da nuvem, e produzem mudanças repentinas no padrão luminoso observado.
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Luiz Augusto L. da Silva é astrônomo e, desde 1973 nutre grande curiosidade por fenômenos naturais intrigantes.
(www.luizaugustoldasilva.com)
20230413
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