Carlos A. Adib
Núcleo de Estrelas Variáveis
Rede Omega Centauri
para o Aprimoramento da Educação Científica
Porto Alegre – RS – Brasil
Neste artigo vou fazer um breve retrospecto das nossas atividades como observador e “estimador” de magnitudes de estrelas variáveis.
Observações com Instrumento
Desde 2007 até 2014 vínhamos observando estrelas variáveis e estimando suas magnitudes. Para esse fim utilizávamos um binóculo 20×80 acoplado a um tripé para mantê-lo bem fixo. Como elementos auxiliares, eram utilizadas as cartas das estrelas variáveis e demais informações disponibilizadas pela American Association of Variable Star Observers – AAVSO – e, para localizar as estrelas no céu, o software Stellarium.
Na estimativa de magnitudes era utilizado o processo tradicional: no binóculo verificávamos o brilho da estrela variável e o comparávamos com os brilhos de duas estrelas vizinhas, uma mais brilhante e outra menos brilhante que a estrela variável. Então, por interpolação, estimava-se o valor da magnitude da variável. Essas estimativas visuais eram enviadas à AAVSO, que possui sede nos Estados Unidos, e também à Liga Ibero-Americana de Astronomia – LIADA, com sede na Argentina.
Neste processo, costumávamos fazer de duas a três horas de observações por noite, estimando a magnitude de oito a dez estrelas variáveis, dependendo das condições do céu. Veja abaixo os elementos que eram anotados em cada estimativa:
- Nome ou código da estrela variável (ex. RS Sco)
- Valor da magnitude estimada (ex. 8.5)
- Valor da magnitude da estrela 1 de comparação (ex. 7.8)
- Valor da magnitude da estrela 2 de comparação (ex. 8.8)
- Data da observação (ano/mês/dia) (ex. 2010/12/05)
- Horário da observação (hora e minutos em Tempo Universal) (ex. 22:30)
- Forma de observação: Visual
Utilizando esse método, foram realizadas naquele período mais de 4000 estimativas. Desse total, mais de 1200 foram encaminhadas para a LIADA até 2011, quando sua Seção de Variáveis deixou de receber estimativas.
Exames de imagens
Em 2014 mantivemos contato com Gilberto Klar Renner, colega da Sociedade Astronômica Riograndense – SARG – e da União Brasileira de Astronomia – UBA, que vinha fotografando o céu desde sua propriedade no município de Arambaré, situado às margens da Lagoa (ou Laguna) dos Patos, RS. Pedimos para examinar suas fotografias e ele, de pronto, começou a enviá-las por e-mail. Do exame daquelas imagens, deduzimos que se poderia fazer boas estimativas de magnitude das estrelas variáveis constantes das imagens, usando o mesmo processo (comparação do brilho da variável na foto com outras duas estrelas da mesma foto).
O exame das imagens parecia ser um processo bem mais fácil e proveitoso pois, além de não ficar mais na dependência das condições do céu e das luzes da cidade, se poderia examinar as imagens e fazer as estimativas ao longo das horas do dia, sentado na frente do monitor do computador. E havia outra grande vantagem: dependendo do tamanho do campo celeste coberto pela imagem, era possível localizar diversas estrelas variáveis, e assim fazer várias estimativas a partir de uma única foto. E sem mencionar que, agora, dispúnhamos do registro da estrela. No caso de alguma dúvida sobre a estimativa feita, sempre se poderia reexaminar a imagem para fins de comprovação ou alteração.
Consultando a AAVSO sobre essa forma de fazer estimativas , fomos orientados a remeter os resultados usando uma outra forma de reportar a observação. Não eram mais estimativas “visuais”, mas “visual-digitais” (ou VISDIG ). Dessa forma fomos remetendo os novos resultados, acrescentando o número da imagem usada na estimativa e o nome do autor da foto.
Por volta de 2018, ficamos sabendo que Luiz Antônio Reck Araújo, também colega da SARG, vinha fotografando o céu de sua cidade, Pelotas. Manifestamos interesse em receber suas imagens e ele passou a remetê-las também por e-mail. Pelo exame das fotos do Araújo e do Gilberto, continuamos remetendo os resultados para a AAVSO até fins de 2021, quando fomos informados que, a partir daquele momento, a AAVSO só passaria a receber estimativas nessa modalidade se o estimador das magnitudes utilizasse um software fotométrico no exame das fotografias. Até então (2014 a 2021), já havíamos enviado mais de 1300 resultados para a AAVSO pelo processo VISDIG.
No momento atual continuamos fazendo estimativas pelo exame de imagens (sem uso de software), enviando os resultados somente para a LIADA. Os elementos que compõem os resultados das observações são os mesmos indicados anteriormente, acrescidos do número da imagem examinada. Para aprimorar os resultados, decidimos acrescentar nas estimativas outra informação: o Índice de Cor (IC) das estrelas envolvidas (da variável e das estrelas de comparação). Para tanto tivemos que recorrer a uma ferramenta disponibilizada pela AAVSO chamada Seqplot que fornece essa informação.
Aqueles que desejarem iniciar-se neste tipo de observação astronômica, poderão entrar em contato com o autor, através do e-mail constante na seção de Contatos, do site da Rede Omega Centauri.