Crônicas

O ECLIPSE LUNAR TOTAL DE MAIO

Luiz Augusto L. da Silva*

            Nosso satélite mergulha mais uma vez na sombra terrestre na noite de 15 para 16 de maio. O evento será inteiramente visível no Brasil, e a América do Sul é o continente mais bem situado geograficamente para acompanhá-lo. Será noite de domingo para segunda-feira.

            De acordo com o Anuário Astronômico Catarinense, o fenômeno começa às 22h32min do dia 15 (horário de Brasília), com o primeiro toque da Lua na penumbra terrestre, uma fase imperceptível. O primeiro contato com a sombra se verifica às 23h28min. A totalidade, com a Lua já inteiramente dentro da sombra (ou umbra) terrestre, inicia às 00h29min, no início da madrugada do dia 16, e dura até às 01h54min. O instante do máximo (centro do eclipse) será às 01h11min. O último contato com a sombra se dá às 02h55min, e a saída da penumbra (fim do eclipse, imperceptível) às 03h51min. O eclipse acontecerá com a Lua cheia situada na constelação de Balança (Libra) e a fase total vai durar 85 minutos.

Fig. 1 – O trânsito da Lua Cheia de Maio pelos cones de sombra e de penumbra terrestres na noite de 15 para 16. Crédito da Imagem: F. Espenak/GSFC/NASA; Adaptado por L. A. L. da Silva/Núcleo de Astromídia/Rede Omega Centauri.

            Em Porto Alegre e região metropolitana de modo geral, a Lua nasce às 17h21min do domingo, dia 15. O ocaso acontecerá às 06h13min do dia seguinte, segunda-feira, 16.

Fig. 2 – A região geográfica de visibilidade do eclipse lunar total de 15 para 16 de Maio de 2022 privilegia o continente sul-americano e o Brasil. Crédito da Imagem: F. Espenak/GSFC/NASA; Adaptado por L. A. L. da Silva/Núcleo de Astromídia/Rede Omega Centauri.

Luminosidade Residual

            Nos eclipses, a Lua adquire uma coloração avermelhada, por causa do desvio da luz solar para dentro da sombra, produzido pela refração na atmosfera terrestre. Este fenômeno é popularmente conhecido como “lua de sangue”, expressão que se tornou de uso comum  na mídia nos últimos anos.

            Durante a totalidade, normalmente a Lua não desaparece, mas fica com uma cor que pode variar do marrom escuro, passando pelo vermelho, até o alaranjado claro.

            Esta cor depende da concentração de partículas de cinzas na alta atmosfera. Após grandes erupções vulcânicas, por exemplo, a Lua pode até desaparecer! Uma atmosfera mais limpa produzirá um eclipse alaranjado.  Em uma atmosfera “suja” a Lua fica invisível, como aconteceu no eclipse total em 9 de Dezembro de 1992, por causa da erupção do Monte Pinatubo nas Filipinas, ocorrida no ano anterior.

            O astrônomo francês André-Louis Danjon (1890 – 1967) propôs  em 1921 uma escala de 5 pontos para estimar o grau de obscurecimento da Lua durante a fase total de um eclipse. Esta escala compreende:

L = 0   Eclipse muito escuro, Lua quase invisível;

L = 1    Eclipse escuro, Lua cinza ou marrom;

L = 2    Vermelho escuro (cor de ferrugem);

L = 3    Vermelho claro com borda amarelada;

L = 4    Laranja ou cor de cobre.

            A estimativa do número de Danjon deve ser feita no meio da totalidade.

Ontem e Amanhã

            Até agora, o último eclipse lunar visível no estado do Rio Grande do Sul aconteceu na madrugada de 19 de novembro do ano passado. Ele foi parcial, mas não pôde ser acompanhado na íntegra, pois a Lua teve ocaso ainda com o eclipse em curso. Dos eclipses lunares previstos para o ano de 2022, além deste de Maio, teremos outro eclipse total, no final da madrugada do dia 08 de Novembro, que também não poderá ser acompanhado por inteiro. Na verdade, ele será praticamente imperceptível, porque toda a fase umbral acontecerá com o satélite abaixo da linha do horizonte… O próximo eclipse lunar total com boa visibilidade por aqui será somente em 14 de Março de 2025!

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*Luiz Augusto L. da Silva é astrônomo, e desde 1973 tem observado eclipses lunares, apesar de não gostar de ver sangue…

(www.luizaugustoldasilva.com)

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