Luiz Augusto L. da Silva *
Riam. Debochem. Digam que ficamos loucos. Doentes. Que estamos equivocados. Somos ridículos. Ignorantes. Ingênuos “profetas do apocalipse”, como costuma dizer um certo débil mental que preside uma das nações mais poderosas deste planeta. Pensem o que quiserem. Não importa.
O fato inegável é que estamos vivendo um momento crítico a nível global. Ate aí, nada de novo. E nosso tempo está se esgotando numa velocidade alarmante. De novo, nenhuma novidade. Para que escrever tratados volumosos, embromações que só contornam o cerne da questão, sempre evitando botar o dedo bem fundo dentro da ferida? Por que complicar aquilo que é elementar?
Vamos direto ao ponto, sem meias palavras, curto e grosso: precisamos esquecer o dinheiro e a religião da economia, combater toda e qualquer crença místico-religiosa, e acabar de vez com cultos patrióticos e territorialistas. Necessitamos priorizar a conquista do conhecimento obtido através da metodologia científica.
Por mais estapafúrdio que possa ter sido o evidente engodo do “ET Bilú”, divulgado pela mídia nacional anos atrás, uma frase dele deve ser aplaudida: “busquem o conhecimento”. E a educação é a chave para tudo isso, a ferramenta fundamental, o instrumento indispensável para atingirmos os objetivos acima, sempre através dos canais da racionalidade, jamais pela estrada do misticismo.
O nó górdio é que estamos presos ao nosso forte condicionamento genético. Somos fantoches, regidos pelos cordéis de complexos algoritmos bioquímicos, que chamamos de emoções e sentimentos. Ainda pior: estamos sozinhos, sem ninguém para se importar conosco. Ou nos unimos, pondo de lado todas as diferenças, a ganância e a agressividade, ou pereceremos.
Caçadores de tempestades, alegrem-se! Tormentas severas serão cada vez mais espetaculares, frequentes, e violentas! Quem acompanha o noticiário meteorológico surpreende-se a cada dia que passa. Capitalistas selvagens, regozijem-se: o mundo está superlotado de clientes em potencial, e seu número não para de crescer! Bem vinda seja a inteligência artificial avançada, que no futuro poderá voltar-se contra nós, nos escravizar, ou simplesmente nos varrer do cenário da existência! Se, bem entendido, antes não houvermos apertado o gatilho da autodestruição nuclear, perigo muito maior agora do que quando da era da guerra fria.
Estamos entalados no gargalo. E a boca da garrafa está muito bem tampada. O destino na novela da vida de mais uma civilização tecnológica no universo está prestes a se definir. Aproxima-se o capítulo final, que de forma alguma será inédito. E seu IBOPE será zero.
Precisamos escrever, sim, tratados volumosos com mentalidade humboldtiana, sobre como resolver todas as encrencas colossais em que nos metemos, arrastando junto todo o resto da biosfera terrestre. Buscar o conjunto-solução, se é que existe, para a mais tenebrosa de todas as equações diferenciais já inventadas: a da sobrevivência. Riam.
* Astrônomo, presidente do conselho curador da Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica.
www.luizaugustoldasilva.com