OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO
OUTUBRO
DIA | HORA(TL)* | FENÔMENO |
01 | 09h | Mercúrio na máxima elongação (26°E) do Sol |
18h05min | Lua Cheia | |
02 | 20h | Vênus em conjunção com Regulus a 0.1°S |
03 | 00h | Marte em conjunção com a Lua a 0.6°N |
(ocultação rasante no sul do Brasil e Rio de Janeiro) | ||
14h | Lua no apogeu (406322 km da Terra) | |
04 | 07h | Urano em conjunção com a Lua a 3°N |
06 | 21h | Aldebaran em conjunção com a Lua a 4°S |
09 | 21h40min | Lua Quarto Minguante |
10 | 09h | Pollux em conjunção com a Lua a 4°N |
13 | 02h | Regulus em conjunção com a Lua a 4°S |
20h | Marte em oposição ao Sol | |
22h | Mercúrio estacionário | |
23h | Vênus em conjunção com a Lua a 4°S | |
16 | 15h | Spica em conjunção com a Lua a 6.5°S |
16h31min | Lua Nova (início da lunação 1210) | |
21h | Lua no perigeu (356912 km da Terra) | |
19 | 18h | Antares em conjunção com a Lua a 5.5°S |
21 | madrugada | Máximo da chuva de meteoros Oriônidas |
22 | 14h | Júpiter em conjunção com a Lua a 2°N |
23 | 01h | Saturno em conjunção com a Lua a 2.5°N |
23 | 10h23min | Lua Quarto Crescente |
25 | 15h | Mercúrio em conjunção inferior com o Sol |
27 | 06h | Netuno em conjunção com a Lua a 4°N |
29 | 15h | Marte em conjunção com a Lua a 2.5°N |
30 | 15h | Lua no apogeu (406394 km da Terra) |
31 | 11h | Urano em conjunção com a Lua a 3°N |
11h49min | Lua Cheia (Lua Azul!) | |
12h | Urano em oposição ao Sol |
NOVEMBRO
DIA | HORA(TL) | FENÔMENO |
03 | 03h | Aldebaran em conjunção com a Lua a 4.5°S |
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07h | Mercúrio estacionário |
06 | 16h | Pollux em conjunção com a Lua a 4°N |
08 | 10h46min | Lua Quarto Minguante |
09 | 10h | Regulus em conjunção com a Lua a 4.5°S |
10 | 20h | Mercúrio na máxima elongação (19°W) do Sol |
12 | 20h | Vênus em conjunção com a Lua a 3°S |
13 | 04h | Spica em conjunção com a Lua a 6.5°S |
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18h | Mercúrio em conjunção com a Lua a 1.5°S |
14 | 09h | Lua no perigeu (357837 km da Terra) |
15 | 02h07min | Lua Nova (início da lunação 1211) |
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16h | Marte estacionário |
16 | 04h | Antares em conjunção com a Lua a 5.5°S |
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16h | Vênus em conjunção com Spica a 3.8°N |
17 | madrugada | Máximo da chuva de meteoros Leônidas |
19 | 06h | Júpiter em conjunção com a Lua a 2.5°N |
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12h | Saturno em conjunção com a Lua a 3°N |
22 | 01h45min | Lua Quarto Crescente |
23 | 12h | Netuno em conjunção com a Lua a 4°N |
25 | 20h | Marte em conjunção com a Lua a 4.5°N |
26 | 21h | Lua no apogeu (405894 km da Terra) |
27 | 16h | Urano em conjunção com a Lua a 3°N |
29 | 05h | Netuno estacionário |
30 | 06h30min | Lua Cheia (Eclipse Penumbral) |
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09h | Aldebaran em conjunção com a Lua a 4.5°S |
DEZEMBRO
DIA | HORA(TL) | FENÔMENO |
03 | 21h | Pollux em conjunção com a Lua a 4°N |
06 | 16h | Regulus em conjunção com a Lua a 4.5°S |
07 | 21h37min | Lua Quarto Minguante |
08 | 03h | Mercúrio em conjunção com Antares a 4.3°N |
10 | 13h | Spica em conjunção com a Lua a 6.5°S |
12 | 17h | Lua no perigeu (361773 km da Terra) |
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Vênus em conjunção com a Lua a 0.7°S |
13 | 15h | Antares em conjunção com a Lua a 5.5°S |
14 | madrugada | Máximo da chuva de meteoros Gemínidas |
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07h | Mercúrio em conjunção com a Lua a 1°S |
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13h17min | Lua Nova (início da lunação 1212) |
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Eclipse solar total (visível no Chile e na Argentina) |
17 | 02h | Júpiter em conjunção com a Lua a 3°N |
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03h | Saturno em conjunção com a Lua a 3°N |
20 | 00h | Mercúrio em conjunção superior com o Sol |
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20h | Netuno em conjunção com a Lua a 4°N |
21 | 07h02min | Solstício de verão para o hemisfério sul |
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15h | Júpiter em conjunção com Saturno a 0.1°S |
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(Conjunção magna!) |
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20h41min | Lua Quarto Crescente |
23 | 14h | Vênus em conjunção com Antares a 5.6ºN |
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19h | Marte em conjunção com a Lua a 5°N |
24 | 13h | Lua no apogeu (405012 km da Terra) |
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21h | Urano em conjunção com a Lua a 3°N |
27 | 16h | Aldebaran em conjunção com a Lua 4.5°S |
30 | 00h28min | Lua Cheia |
31 | 03h | Pollux em conjunção com a Lua a 4°N |
* Tempo Legal do fuso -3h
Eventos em negrito são de destaque durante o período.
Para mais informações sobre os fenômenos listados aqui, recomendamos a consulta do Anuário Astronômico Catarinense 2020, de autoria de Alexandre Amorim. Pedidos para: costeira1@yahoo.com.
DESTAQUES DEEP-SKY
OUTUBRO
A GRANDE GALÁXIA DE ANDRÔMEDA
Uma das atrações do céu da primavera, NGC 224 (M-31) é a maior galáxia do grupo local, ao qual também pertence a Via Lactea. Situada a 2.54 milhões de anos-luz de distância, ela desempenhou papel preponderante na pesquisa astrofísica durante o último quartel do século XIX, e no começo do século XX, ajudando os astrônomos a enxergar a diferença entre novas e supernovas [veja a coluna Astronomia Hoje (4), neste Portal], além de demonstrar que a nossa galáxia não era a única existente no universo.
Em céu rural, numa noite sem Lua, você pode ver Andrômeda a olho-nu, como uma pequena mancha luminosa muito pálida, de magnitude integral 3.4, localizada cerca de um grau a noroeste da estrela de quarta magnitude Nu Andromedae [consulte a secção Túnel do Tempo (6), neste Portal]. Ela representa, portanto, o objeto mais distante que o olho humano consegue perceber sem auxílio óptico.
De fato, esta galáxia já era conhecida dos antigos árabes, tendo sido assinalada pelo astrônomo iraniano ‘Abd al-Rahman al-Sufi (903 – 986), muitos séculos antes da invenção do telescópio.
Quando você observar este sistema, lembre-se que a pálida luz que entra em seus olhos partiu de Andrômeda quando nossos antepassados australoptecíneos ainda perambulavam pelas savanas da África!
A galáxia de Andrômeda lembra a Via Lactea, embora com algumas diferenças. Seu tipo morfológico de Hubble é SA(s)b, o que indica tratar-se de uma galáxia espiral. Mas seu diâmetro é no mínimo dez por cento maior que o da Via Lactea, e sua massa, avaliada em 1012 massas solares, cerca de dez vezes maior que a massa da nossa galáxia doméstica. Também não parece existir uma barra no núcleo de Andrômeda.
Um survey recente de rádio, no comprimento de onda de 21 cm, não detectou sinais com potencial de origem artificial em Andrômeda [Gray, R., Mooley, K., (2017). Astrophysical Journal, 153, 110]. O resultado negativo permite afirmar, com razoável confiabilidade, que (há 2.54 milhões de anos) não existia por lá nenhuma supercivilização tecnológica transmitindo sinais de rádio intencionais e contínuos na frequência do hidrogênio direcionados para a Via Lactea, dentro do limite de sensibilidade do equipamento empregado.
No futuro distante, a Via Lactea e Andrômeda serão muito mais que vizinhas cósmicas. Dentro de 4.5 bilhões de anos, às vésperas do Sol tornar-se uma estrela gigante vermelha, ambas irão colidir, formando uma só galáxia elíptica gigante, ou talvez uma grande galáxia lenticular.
O coração da Via Lactea é habitado por um buraco negro gigante com massa estimada em 4 milhões de massas solares. De acordo com um estudo recente, esta singularidade poderia ser binária, possuindo um companheiro com no mínimo 100 mil massas solares [Naoz, S., et al., (2019). Astrophysical Journal, 873, 9]. Também existe um buraco negro aninhado no núcleo da galáxia de Andrômeda. Sua massa foi estimada entre 110 e 230 milhões de massas solares [Bender, R., et al., (2005), Astrophysical Journal, 631, 280].
Bilhões de anos no futuro, estes monstros orquestrarão uma dança macabra, regidos pelo maestro da gravidade, terminando por fundirem-se num só. O pulso de ondas gravitacionais produzido pelo evento poderá, quiçá, ser detectado por hipotéticos astrônomos alienígenas vivendo no aglomerado de galáxias de Virgo, ou inclusive muito mais além.
NOVEMBRO
AGLOMERADOS ABERTOS EM TAURUS
As Hyades e as Plêiades, ambas localizadas na constelação zodiacal de Taurus (Touro) são, juntamente com a grande nebulosa de Órion (M-42, veja o próximo destaque), marcas registradas do verão austral. Conhecidas desde a mais remota antiguidade, estes dois aglomerados notáveis sempre capturaram a imaginação das mais diferentes culturas ancestrais.
Plêiades
Na mitologia grega, as Plêiades eram sete irmãs, filhas de Atlas com Pleione. Por serem constatemente perseguidas por Órion, o caçador, elas foram transformadas em estrelas e colocadas no céu. Apesar da sua denominação popular, Sete Irmãs, ou Sete Estrelas, somente seis podem ser discernidas a olho nu. A estrela que falta é conhecida como a “Plêiade Perdida”.
Por cobrirem uma área equivalente a três vezes o tamanho aparente da Lua Cheia, as Plêiades são excelente pedida para um binóculo, ou então um telescópio rich field, isto é, um instrumento de grande abertura e distância focal curta. Com a ajuda de instrumentos como estes, pode-se ter uma visão de conjunto soberba de todo este objeto, que se revela magnificamente coalhado de dezenas de estrelas mais fracas, invisíveis à vista desarmada.
Imagens CCD e fotografias tradicionais mostram que as Plêiades parecem estar associadas com uma nebulosidade pulverulenta azulada. Durante muito tempo os astrônomos pensaram que tal nebulosa de reflexão fosse remanescente da nuvem primordial que originou o aglomerado, há cerca de 100 milhões de anos. Mas hoje se sabe que a nebulosa simplesmente está na frente do aglomerado, não existindo conexão física real entre eles.
Pesquisas recentes também apontaram outro resultado curioso: as seis estrelas mais brilhantes, justamente aquelas perceptíveis sem instrumentos, parecem formar uma espécie de corda, situando-se mais próximas de nós que o restante do aglomerado.
No folclore moderno da “ufomania”, ou seja, a moda de acreditar em e ver “discos voadores” tripulados por seres extraterrestres que visitam a Terra hoje e no passado, as Plêiades ocupam lugar de destaque. Segundo alguns ufólogos, existiria uma raça de extraterrestres benignos, denominados “Pleiadianos”, oriundos de Alcyone, a mais brilhante estrela das Plêiades. Poucas coisas poderiam ser mais absurdas: qualquer planeta em órbita daquela estrela seria permanentemente esterilizado por um fluxo letal de radiação ultravioleta, que não permitiria nem mesmo a existência de micróbios em sua superfície!
A distância das Plêiades é estimada entre 430 e 460 anos-luz.
Hyades
As Hyades são o outro aglomerado aberto visível a olho nu na constelação do Touro. De fato, trata-se do aglomerado situado mais próximo ao sistema solar, cobrindo uma área aparente de cerca de 8 graus quadrados.
Em comparação com as Plêiades, as Hyades constituem um cúmulo estelar bem mais antigo, com idade ao redor de 600 milhões de anos. Com forma de letra “V” invertida, representam a cabeça do animal, da qual saem seus chifres, representados pelas estrelas Beta Tauri (El Nath), e Zeta Tauri, ambas situadas mais a nordeste.
Mitologicamente, as Hyades eram donzelas meio irmãs das Plêiades. Reza a lenda que, após a morte de Hyas, filho de Atlas e Aethra, durante uma caçada, suas irmãs choraram com tanta tristeza que acabaram morrendo também. Em reconhecimento por seus sentimentos, Zeus as teria colocado entre as estrelas.
A estrela mais brilhante, Aldebaran (Alpha Tauri), representava o olho do touro. Ela é uma gigante alaranjada de magnitude visual 0.9, variável com amplitude de 0.2 magnitudes. Possui uma companheira de magnitude visual 10.7, distanciada de 134 segundos de arco. De novo, aqui as aparências enganam: Aldebaran não faz parte das Hyades! A sua distância é calculada em 65 anos-luz, enquanto o restante do aglomerado se encontra a aproximadamente 150 anos-luz. Trata-se, portanto, de uma superposição casual.
Um binóculo apontado para as Hyades numa noite bem escura irá revelar várias dezenas de estrelas, com destaque para o par Theta 1 e Theta 2 Tauri. As suas componentes são largamente espaçadas, e podem ser discernidas sem auxílio óptico.
Aldebaran e Theta Tauri são dois exemplos bem diferentes do que se costuma designar em astronomia como “duplas ópticas”, isto é, pares aparentes de estrelas, que não guardam vinculação física entre si.
DEZEMBRO
A GRANDE NEBULOSA EM ÓRION
Não muito distante das “Três Marias”, existem as “pequenas Três Marias”, numa disposição aproximadamente perpendicular às primeiras. Ali situa-se uma das grandes regiões de formação estelar da nossa Galáxia: NGC 1976 (M 42), conhecida como a “grande nebulosa de Órion”. No desenho da figura mitológica do caçador, as Três Marias são o cinto, enquanto M 42 é a sua espada.
Com distância estimada entre 1500 e 1800 anos-luz, este objeto foi descrito pela primeira vez pelo botânico e astrônomo francês Nicolas-Claude Fabri de Peiresc (1580 – 1637) em 1610. Com uma extensão de cerca de 25 anos-luz, ela é apenas uma dentre várias regiões H II nesta área do céu, estando entre as mais estudadas. Consiste num complexo de nebulosas de emissão e reflexão energizado por um aglomerado de estrelas jovens, quentes e massivas, onde se destaca o sistema múltiplo Theta Orionis, conhecido como “o Trapézio de Órion”.
Para ver a nebulosa de Órion como geralmente ela aparece em imagens ópticas, isto é, com tons vermelhos e azuis entrelaçados, você precisará de um telescópio de grande abertura e distância focal curta. Através de um modesto refrator de 60 mm de diâmetro, a cor da nebulosa limita-se a um verde esbranquiçado muito desbotado. Num refletor newtoniano de 10 polegadas f/4.5 com ocular de 45 vezes, já é possível enxergar as cores. O vermelho é devido à emissão na raia H-Alfa do hidrogênio, em 6563 Ångströns de comprimento de onda, enquanto o azul deve-se à reflexão da luz das estrelas por grãos de poeira. Um refletor de 8 polegadas aberto a f/3, com 50 vezes, realçará ainda mais a visão das cores.
Saiba mais sobre a região de formação estelar e sobre a constelação de Órion visitando o site alemão www.orion2nebulosa.net, mantido por Herbert Störzer.