Opinião

CORONAVIRUS: VIVER OU MORRER, A DIMENSÃO CÓSMICA DE MAIS UMA TRAGÉDIA HUMANA

Pode ser um asteróide de 10 km, ou um vírus de 120 nm. Não importa. As ameaças estão por aí mesmo, em todo lugar, a todo instante, expondo nossa fragilidade. Infelizmente, é o que nossa civilização está experimentando mais uma vez. A certeza do presente e de um futuro marcados seja por catástrofes naturais aportadas por um universo frio e indiferente aos nosso bem ou mal estar, seja por riscos construídos deliberadamente pela própria estupidez humana. E estamos sozinhos neste barco.

Cientistas de todo o mundo correm contra o tempo na busca de medicamentos eficazes e vacinas, mas ainda existem os que se preocupam com bobagens do tipo oscilações de bolsas de valores, prejuízos financeiros, e cotações instáveis de moedas, ferrenhos apegados à mais fundamentalista, fanática, cega, irracional e danosa de todas as religiões: a religião do dinheiro, único deus respeitado de verdade em todos os cantos deste planeta.

Enquanto o Homo “sapiens” não se der conta de que precisa, com urgência urgentíssima, abandonar estas fantasias, e mergulhar de cabeça na solução dos problemas que acometem a humanidade e este planeta, correremos sério risco de extinção.

Em nome do dinheiro, não freiaremos o aquecimento global. Em nome do dinheiro, não conteremos a explosão demográfica. Em nome do dinheiro, desenvolveremos a inteligência artificial, mesmo conscientes dos riscos que ela pode vir a oferecer. Sim, porque o dinheiro é mais importante. Queiramos ou não, o dinheiro está acima de tudo. É assim que nos comportamos. Se a vida tiver que ceder lugar à morte em nome do dinheiro, que assim seja.

Esquecer o dinheiro. Substituir o verbo vender pelo verbo dar. Dar conhecimento. Dar ajuda. Dar expertise profissional. Dar alimentos, e abrigo. Dar assistência médica. Dar solidariedade. Dar a mão (obviamente, em seu sentido literal, não em tempos de coronavirus…).Dar importância as nossas vidas, e as de todos os seres vivos deste planeta, que também merecem respeito, e têm o mesmo direito à vida que todos nós.

Parece fácil, não? Infelizmente, no estágio em que nos encontramos, é provável que já seja tarde demais. Pensem bem: milhares e milhares de gerações nasceram, viveram, e desapareceram sob o signo do dinheiro, sem jamais se questionar sobre a sua arbitrariedade, necessidade ou significado. Foi, e ainda é assim, por causa do baixíssimo nível de desenvolvimento ético e moral da humanidade.

O que aconteceria se, por milagre, todos acordassem amanhã unanimemente decididos a banir o dinheiro de suas vidas e do mundo? Assistiríamos ao colapso imediato e total da sociedade organizada. Saques em supermercados, farmácias, lojas de departamentos, revendas de automóveis, e esgotamentos de estoques em geral. Haveria filas de indivíduos inconsequentes insistindo em encomendar seus aviões particulares customizados, gente comendo caviar todos os dias, e sabe-se lá mais que absurdos. Não haveria matérias primas nem recursos naturais disponíveis em quantidade suficiente para atender a todos. Mergulharíamos no caos absoluto e na barbárie incontrolável.

Tudo porque não estamos preparados para viver numa sociedade civilizada sem dinheiro. Representaria uma mudança de paradigma social tão radical que é praticamente impossível que venha a acontecer. Precisaríamos de décadas, talvez séculos, para, através da educação, prepararmos as novas gerações para viverem em um mundo futuro desmonetarizado, justo, igual para todos, um mundo sem bolsas de valores, sem idolatria de ouro, sem dólares, euros, ou qualquer outro tipo de moeda. Infelizmente, não dispomos mais de todo este tempo. A mensagem é triste e clara: como diz aquele velho provérbio popular, “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”. Estamos presos em nossa própria armadilha. Reproduzindo as palavras de Stephen Emmott, no final de seu estupendo livro Dez Bilhões: “Acho que estamos ferrados.

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