Fenômenos Incomuns - Núcleo AIFI

NOITE OFICIAL DOS OVNIs: FIM DO MISTÉRIO?

Luiz Augusto L. da Silva*

            Um estudo realizado pelo pesquisador Rodrigo Moura Visoni, filiado à Rede Omega Centauri no Rio de Janeiro finalmente vem oferecer explicação bastante razoável para a série de avistamentos radar-ópticos de fenômenos anômalos não identificados ocorrida em 19 de maio de 1986 sobre a região sudeste do Brasil. O acontecimento mobilizou a Força Aérea Brasileira e acabou conhecido como a “Noite Oficial dos OVNIs”. Para uma descrição precisa e detalhada da ocorrência, consulte Visoni [2019, AERO Magazine, (301), 76-81].

            Diversas hipóteses foram oferecidas para explicar os intrigantes contatos de radar e os relatos visuais de luzes estranhas no céu, algumas das quais apresentavam movimentos considerados impossíveis para aeronaves convencionais. Entre elas, a reentrada de lixo espacial, uma chuva de meteoros, e guerra eletrônica. Nenhuma revelou-se satisfatória. Para piorar mais as coisas, o relatório oficial divulgado pela FAB afirmou que as luzes avistadas pareciam ser controladas por algum tipo de inteligência.

            Visoni baseia sua explicação no incremento súbito  da atividade solar ao redor daquele dia. Um mês depois do incidente, o rádio amador brasileiro de origem húngara Iwan Thomas Halasz (autor de Handbook do Radioamador, 1993, EDUSP São Paulo, 629pp), chamara a atenção para as alterações experimentadas no estado de ionização da alta atmosfera terrestre motivado pela ocorrência de ejeções de massa coronal acontecidas naquele período, as quais induziram diversas anomalias detectáveis na propagação das radio-ondas. Na época, o ciclo solar achava-se já próximo ao mínimo de atividade. Mesmo assim, o campo geomagnético e a ionosfera terrestre resultaram afetados. Mas a hipótese de Halasz só podia explicar os ecos captados nos radares. Não conseguia dar conta das luzes e seus movimentos “inteligentes”. Para reparar esses aspectos, Visoni recorre ao trabalho recente de Joseph et al. (2024, Journal of Modern Physics, 15, 322-374).

Fig. 1 – Registros da atividade solar em luz branca baseados nas observações diárias efetuadas pelo autor em Maio de 1986. Note-se o incremento de atividade no dia 19 (coluna RN – Relative Number, Número Relativo de manchas solares).

            Naquele artigo, os autores afirmam que nuvens de plasma existentes nas camadas superiores da atmosfera da Terra foram observadas e registradas com frequência por astronautas a bordo de diferentes missões dos ônibus espaciais da NASA. Elas exibem movimentos que incluem acelerações vertiginosas, curvas em ângulo de 90 graus, pulsações, além de comportamentos dinâmicos do tipo predador-presa que simulam atitudes inteligentes. Quando nuvens deste tipo descem para as camadas mais baixas da atmosfera, podem ser facilmente confundidas com objetos voadores não identificados. Os pesquisadores propõem que numerosos casos de avistamentos, incluindo os famosos foofighters, reportados no final da Segunda Guerra Mundial por pilotos aliados e nazistas, assim como as luzes de Hessdalen (ver a Oficina de Astronomia® 494, disponível no canal da Rede Omega Centauri no YouTube) possam ser explicados dessa maneira.

            Com muita propriedade, Visoni sugere que a mesma explicação  se aplica à Noite Oficial dos OVNIs. E poderíamos acrescentar que ela também funciona para outra ocorrência ufológica clássica, conhecida como o incidente de Washigton, D.C., em Julho de 1952. A similaridade entre os dois casos é verdadeiramente notável.

Duas nuvens pulsantes de plasma em movimento registradas pelos tripulantes da missão espacial STS-80, 360 km acima de uma nuvem célula de tempestade. Reproduzido de Joseph et al., (2024, Journal of Modern Physics, 15, 322).

            Ele também entrevistou dois dos pilotos da FAB que estiveram envolvidos nos voos de interceptação em 1986, além do controlador que estava em serviço na torre de controle do aeroporto de São José dos Campos, o primeiro militar a enxergar as luzes naquela noite. Todos foram unânimes em afirmar que a teoria de Halasz-Visoni dos plasmas “inteligentes” faz muito sentido.

            Detalhes da pesquisa podem ser conferidos em dois vídeos disponíveis no canal da revista OVNI Pesquisa, no YouTube, os quais recomendamos fortemente. Eles demonstram que ocorrências “ufológicas” bem documentadas e atestadas por pessoal tecnicamente qualificado podem admitir explicações racionais que passam a anos-luz da chamada hipótese extraterrestre.

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* Luiz Augusto L. da Silva é astrônomo, e membro fundador da Associação para Investigação de Fenômenos Incomuns (AIFI), entidade atualmente coligada à Rede Omega Centauri para o Aprimoramento da Educação Científica. Desde 1973 só observou duas coisas estranhas no céu,  perfeitamente identificadas, após investigações sérias… Ambos os casos serão contados em futuras colunas da série Túnel do Tempo, no Portal Ciência & Cosmos (www.redeomegacentauri.org/portal ciência&cosmos).

(www.luizaugustoldasilva.com)

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